segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

CORPO - TENSÕES


(imagem/site-img.photobucket.com/.../gloureiro24/camile2.jpg)

A mudança do corpo e supostamente da identidade. Ao refletir sobre isto, lembrei-me de um fragmento da literatura de Charles Feitosa. Filósofo aqui do Brasil, seus temas tratam da estética e da fenomenologia. Abaixo têm um trecho de sua obra; que eu particularmente gosto muito! Com vocês -"Explicando a Filosofia com Arte" - (Feitosa, p.97 - p.100)

"QUEM TEM MEDO DO CORPO?"

"No corpo de cada um de nós reencontramos a natureza no modo mais íntimo e mais fascinante. Tradicionalmente, o corpo humano sempre foi considerado uma dimensão inferior. Platão reproduz, no diálogo Fédon, um mito no qual o corpo é descrito como uma prisão para a alma e a prática da filosofia com uma forma de libertação de suas amarras: "O corpo de tal modo nos imunda de amores, paixões temores, imaginações de toda sorte, enfim, uma infinidade de bagatelas, que por seu intermédio não recebemos na verdade nenhum pensamento sensato" (Fédon, 66C). Entendendo a morte como a separação da alma do corpo, Platão vai definir a filosofia como um exercício de preparação para a morte, na medida em que o pensamento pretensamente suspende as funções corpóreas. Aristóteles, por sua vez, não menospreza a importância do corpo para o ser humano, nem nega a unidade necessária entre corpo e alma, mas restringe seu valor a um "instrumento natural da alma, assim como o machado" (De Anima, II, 412b). O corpo em si não tem autonomia, só se move sob os desígnios da razão. Reproduzem-se assim, em relação ao corpo as mesmas atitudes diante da natureza, em geral, e dos animais, em particular: exclusão ou exploração. Em ambos os casos o corpo humano é tratado com um outro absoluto, uma coisa exterior, um objeto, que me perturba ou que me serve. O filósofo francês Rennée Descartes (1596-1650) radicalizou a interpretação do corpo humano como um totalmente outro, que carregamos na existência, em suas principais obras, tais como as Mediações (1641) e o Tratado sobre o Homem (publicado postumamente, em 1664). Descartes vê o homem como uma estrutura composta de corpo e mente. Ambos seriam coisas bem diferentes respectivamente "coisa que sente" e a "coisa que pensa"."
Enfim, o texto ainda segue, mas vamos a este trecho que é uma síntese onde Feitosa concluí seu pensamento " (...) sobre a coisa que sente, o corpo, não é possível ter certeza absoluta, mas sim sobre a coisa que pensa, pensa independentemente da coisa que sente. (...) como imaginar um eu descarnado que ainda não seja eu? Esse é o grande enigma do pensamento cartesiano. Se o corpo pode ser desligado, ainda que provisoriamente, então isso já é uma indicação do lugar que ele tem na determinação da essência humana no cartesianismo: o homem é fundamentalmente um sujeito, que mesmo sem mãos, olhos, carne ou sangue pode existir. Esse ser descorporizado, esse pensar sem sentir, representa a perspectiva de quem se sente apenas " diante do mundo" e não "no mundo"; de quem acredita apenas por ele: enfim, de quem tem medo do corpo e de suas ambiguidades e oscilações".

domingo, 2 de dezembro de 2007

Palavras

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